Achei por ai e gostei..
“Vivemos uma boa parte da nossa vida imersos na banalidade quotidiana. Vivemos sem disso darmos conta. Basta pensarmos nas rotinas e hábitos que praticamos todos os dias: o toque estridente do despertador, a corrida à higiene matinal, o mesmo pequeno-almoço com sabor a pressa, a nova corrida para o autocarro, uma, duas, três, quatro paragens sempre iguais, quatro horas de trabalho, refeição e mais quatro horas de trabalho, refeição, telenovela, sono... amanhã é outro dia...
No mundo moderno, cada ação serva para outra, que por sua vez serva para uma terceira e nenhuma finalidade visível dá sentido a todo o processo. Navega-se à vista e, enquanto assim é, funcionamos bem, sentimo-nos confortáveis, entrando inconscientemente numa cadeia de utilidades.
É certo que, mais além destes gestos correntes do quotidiano, visamos alcançar objectivos que – às vezes por pressões exteriores – nos impomos. Quando escolho levantar-me cedo, apanhar o autocarro e vir para a escola diariamente, não o faço gratuitamente, mas porque tenho em vista uma finalidade ulterior que dá sentido a estes actos banais. Esse sentido pode ser profissional – ou outro. Dificilmente vivemos sem nos fixarmos objectivos ou metas que justificam os actos em que nos consumimos diariamente. A cadeia mais imediata de acções quotidianas que realizamos encontra-se, assim, justificada por um segundo nível que lhes confere sentido.
Mas, por vezes, este segundo nível falha, quando verificamos que “não era este, afinal, o curso que pretendia” ou que “não é este o partido que me realiza”, “nem esta a pessoa que me preenche”... Nesse caso, temos ainda a possibilidade de nos perdermos no consumo, de ir aos centros comerciais – o mundo consumista em que vivemos encarrega-se de nos fornecer pequenos objectivos para o mais insignificante dos nossos actos. Fornece-nos a distracção preciosa das nossas “ preocupações” – centros comerciais, televisões, mitologias frágeis e, se tudo falhar, miraculosos prozacs.”
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